A geração de energia por micro turbinas eólicas, de até 100kW, deve crescer quase dez vezes até 2020. Um estudo da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês) aponta que essas máquinas representavam, no final de 2010, 440MW em potência instalada. A expectativa do órgão é que esse número chegue a 3.800MW em 2020.
O documento da WWEA mostra que o ano de 2010 chegou ao final com cerca de 656 mil micro turbinas instaladas no mundo. Esses equipamentos, porém, se concentram basicamente na China e nos Estados Unidos, que respondem por 90% do total. No país orienntal, são 450 mil máquinas, contra 144 mil dos americanos. Em seguida aparecem Reino Unido (21,6 mil), Canadá (11 mil), Alemanha (10 mil), Espanha e Polônia (7 mil) e Japão (2 mil).
A China, no entanto, iniciou o uso da tecnologia no começo dos anos 80, o que faz com que a WWEA estime que apenas 250 mil desses aerogeradores ainda estão em funcionamento. O país também tem uma potência média menor nos equipamentos, de 0,37kW por máquina, contra 1,24kW nos Estados Unidos e 2kW no Reino Unido.
Em capacidade instalada, os EUA são os líderes disparados, com 40% da geração global, que correspondem a 179MW. "O feito dos EUA é atribuído ao vasto mercado, apoiado por cerca de 30 diferentes tipos de políticas de incentivo à energia renovável e esquemas de ajuda financeira para projetos de mini-eólicas em todos níveis do governo", explica o estudo.
Nesse sentido, a WWEA afirma que "vendas e produção (das turbinas) ainda continuam dependentes da magnitude de incentivos governamentais, na forma de políticas de suporte ou programas de apoio financeiro, e somente uma meia dúzia de países oferece ajuda o suficiente".
Essa forma de geração, porém, já é viável e totalmente competitiva em países em desenvolvimento para casos de aplicações em regiões isoladas, sem conexão à rede. Nesse caso, explica a análise, a tecnololgia não necessita de qualquer apoio e representa uma troca da cara geração a diesel por uma fonte limpa.
As soluções off-grid têm sido utilizadas em áreas rurais de países como EUA, China e Cuba desde os anos 60. Na última década, porém, a industrialização global alcançou esse mercado. Hoje existem mais de 330 produtores de micro-turbinas e outras 300 empresas que fornecem peças ou serviços para o setor.
Dessas companhias, 50% estão espalhadas por Estados Unidos, China, Alemanha, Canadá e Reino Unido. Enquanto os EUA lideram a lista com 58 desses fabricantes, o Brasil conta com apenas dois, segundo os números do relatório.
"Os governos deveriam reconhecer o enorme potencial das pequenas eólicas e seus grandes benefícios econômicos, sociais e ambientais e estabelecer condições legais favoráveis. Autorizações rápidas e compreensíveis, tarifas feed-in apropriadas ou esquemas similares de apoio, além de padronizações e certificações simples deveriam ser implementadas em um futuro próximo", analisa Stefan Gsänger, secretário-geral da WWEA. Para ele, o grande número de fabricantes mostra o potencial da indústria para gerar emprego e aquecer o setor.
Para o estudo da entidade, "o custo continua a ser o mais influente fator na disseminação" da tecnologia. Nos EUA, um sistema custa entre US$3 mil e US$6 mil por kW, com um custo de produção entre US$0,15 e US$0,20 por Kwh. Nesse caso, somente incentivos viabilizam o negócio. Já na China, o preço é apenas um terço do praticado na América, mas os custos de manutenção podem elevar a tarifa final.
Outro entrave para o desenvolvimento da indústria é o fato de que as tarifas feed-in não são aplicadas nos EUA e na China, os dois maiores mercados. Esse subsídio existe em países como Dinamarca, Grécia, Portugal e Reino Unido.
Outro entrave para o desenvolvimento da indústria é o fato de que as tarifas feed-in não são aplicadas nos EUA e na China, os dois maiores mercados. Esse subsídio existe em países como Dinamarca, Grécia, Portugal e Reino Unido.
"As micro-turbinas ainda são uma parcela mínima no mercado de energia eólica. De qualquer maneira, o potencial é enorme. Onde quer que o vento sopre, pequenas turbinas podem providenciar energia a preços acessíveis - seja para eletrificação rural, como na China e outros países em desenvolvimento, seja conectada à rede, como é mais frequente em nações industrializadas", comenta He Dexin, presidente da WWEA.
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