quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

PRÉDIOS VERDES GANHAM ESPAÇO NOS CANTEIROS

De olho em uma postura politicamente correta mediante às questões ambientais, as construções “ecologicamente sustentáveis” começam a ganhar corpo entre as obras brasileiras. Entre as alternativas estão o reúso de águas da chuva, pia e chuveiro, tecnologias de aquecimento e geração de energia, tratamento de lixo e utilização de materiais ecologicamente corretos nas construções a economia, que pode chegar a 30% em alguns casos, motiva construtoras, principalmente, do setor comercial. De acordo com uma pesquisa recente do Sebrae, o número de empreendimentos que possuem selos verdes no Brasil ainda é pequena, mas a busca por soluções sustentáveis é cada vez mais comum entre as empresas do setor. “Ao contrário do que se pensa, nem sempre as soluções são muito mais caras do que as
tradicionais, é uma questão de levar a opção à incorporadora e disseminar esse conceito”, afirmou Natalia Buscarino, da consultoria EcoVerde, de Minas Gerais. Exemplo disso, o engenheiro da Construtora EPO, Guilherme Santos afirmou que a empresa começou a atuar com pequenas ações, que trouxeram grandes reduções de custo para a empresa. “Em um prédio que tem janelas amplas, de vidro, não há necessidade de acender as luzes antes das 18h. O aquecimento solar também é uma alternativa” diz. Ano passado a empresa também criou o Programa Desperdício Zero (PDZ). A coordenadora de Comunicação e Marketing, Carolina Lara, explica que há um acompanhamento da geração de resíduos para minimizar o desperdício e realizar o descarte adequado. “As sobras de madeira são reaproveitadas em outras obras ou vendidas para empresas que precisam de lenha. Enfatizamos muito a conscientização ambiental dos funcionários e, além de promovermos treinamentos constantes, nós revertemos a renda do que arrecadamos com as sobras vendidas em churrascos e cafés da manhã, para estimular essa consciência”, diz Carolina. Na Construtora Líder, a prioridade é para materiais certificados, da matéria-prima ao acabamento. Os condomínios contam também com sistemas inteligentes de água e energia, aquecimento solar e coleta seletiva de lixo. “O consumidor final valoriza isso”, diz o superintendente-técnico, Henrique Álvares de Lima e Silva. O vice-presidente de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Geraldo Jardim Linhares Júnior, diz que esses recursos serão cada vez mais comum nas obras. Ele lembra que, há 20 anos, os índices de desperdício giraram em torno de 30% do custo da obra e, hoje, estão entre 5% e 6%. Para o coordenador Técnico do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon-GO), Wellington Guimarães de Freitas diz que não existe uma construção autossustentável e, sim, construções mais sustentáveis que outras. “Algumas fazem reúso de água da chuva, pia e chuveiro, aproveitam a energia solar, mas para a autossustentabilidade por completo é preciso avançar muito”, diz. O executivo explica ainda que Goiás está muito acima da média de outros estados brasileiros no quesito obras sustentáveis, mas ainda está atrás de estados como São Paulo e Rio de Janeiro. “Esses estados estão concorrendo em quantidade de certificações com países da Europa, eles estão um pouco à frente”, disse. Para Viane Guirao, pesquisadora da Consultoria ITC, as construções verdes estão ganhando mais espaço. “É notório este crescimento, em todos os segmentos há mais preocupação com as questões ambientais”, diz. Para o diretor da Loft Construtora Gustavo Veras, os equipamentos de tecnologia sustentável inserido em um dos empreendimentos do grupo resultaram em custos 3% mais alto do que o comum no custo total, mas o custo-beneficio é alto. “Temos o apelo ambiental e o cliente sabendo que economizará energia ou água, então o retorno é certo, por isso o valor a mais não é atribuído ao preço do imóvel “, disse. O condomínio aproveita água da chuva e reaproveita águas cinzas (de pia de banheiro e chuveiro) que passam por uma estação de tratamento no subsolo e são usadas para irrigar os jardins do prédio, além de lavagem de piso. Procura cresce No Rio de Janeiro, os recentes investimentos para a Copa do Mundo e Olimpíadas, somados aos investimentos estrangeiros resultaram em mais preocupação com o meio ambiente, de acordo com números da consultoria Cushman & Wakefield, em apenas dois anos 40% dos novos prédios comerciais do Rio deverão ser considerados “verdes”. A previsão da consultoria vai até 2013 e maioria dos novos edifícios ficará na região do centro. Hoje, 2,5% dos prédios comerciais da cidade são classificados como verdes. Prova disso é que crescem os pedidos de certificações de sustentabilidade no País. Só do selo Leed (sigla em inglês para Leadership in Energy and Environmental Design), o aumento em 2011 foi de 140% em relação ao ano anterior, o que fez com que o país subisse do quinto para o quarto lugar no ranking dos países com mais edificações em certificação (429, no final do ano passado). Organização responsável pelo selo, o Green Building Council (GBC) faz o ranking nos 131 países em que está presente. À frente do Brasil, apenas Estados Unidos, China e Emirados Árabes Unidos. De qualquer forma, a tendência é clara. O selo Aqua, da Fundação Vanzolini, é outro que apresenta crescimento. Líder no número de certificações concedidas no País (50 até o fim de 2011, o dobro de 2010), o Aqua começou em 2008 analisando apenas prédios comerciais. Em 2010, lançou o selo para projetos habitacionais. Em 15 meses, foram certificados 13 prédios residenciais e um condomínio com 80 casas, quase todos no Estado de São Paulo. De acordo com a Fundação, há propostas para outros seis empreendimentos. “Esperamos fechar 2012 com ao menos 90 empreendimentos certificados no País”, diz Bruno Casagrande, executivo de Negócios da Fundação Vanzolini. Fonte: DCI

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