segunda-feira, 19 de março de 2012

São Paulo, 15 de Março de 2012 - 17:46 Micro turbinas eólicas devem somar 3.800MW em operação no mundo até 2020 Estudo aponta que tecnologia deve crescer dez vezes; China e Estados Unidos respondem por 90% das instalaçõesPor Luciano Costa


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A geração de energia por micro turbinas eólicas, de até 100kW, deve crescer quase dez vezes até 2020. Um estudo da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês) aponta que essas máquinas representavam, no final de 2010, 440MW em potência instalada. A expectativa do órgão é que esse número chegue a 3.800MW em 2020.
O documento da WWEA mostra que o ano de 2010 chegou ao final com cerca de 656 mil micro turbinas instaladas no mundo. Esses equipamentos, porém, se concentram basicamente na China e nos Estados Unidos, que respondem por 90% do total. No país orienntal, são 450 mil máquinas, contra 144 mil dos americanos. Em seguida aparecem Reino Unido (21,6 mil), Canadá (11 mil), Alemanha (10 mil), Espanha e Polônia (7 mil) e Japão (2 mil).
A China, no entanto, iniciou o uso da tecnologia no começo dos anos 80, o que faz com que a WWEA estime que apenas 250 mil desses aerogeradores ainda estão em funcionamento. O país também tem uma potência média menor nos equipamentos, de 0,37kW por máquina, contra 1,24kW nos Estados Unidos e 2kW no Reino Unido.
Em capacidade instalada, os EUA são os líderes disparados, com 40% da geração global, que correspondem a 179MW. "O feito dos EUA é atribuído ao vasto mercado, apoiado por cerca de 30 diferentes tipos de políticas de incentivo à energia renovável e esquemas de ajuda financeira para projetos de mini-eólicas em todos níveis do governo", explica o estudo.
Nesse sentido, a WWEA afirma que "vendas e produção (das turbinas) ainda continuam dependentes da magnitude de incentivos governamentais, na forma de políticas de suporte ou programas de apoio financeiro, e somente uma meia dúzia de países oferece ajuda o suficiente".
Essa forma de geração, porém, já é viável e totalmente competitiva em países em desenvolvimento para casos de aplicações em regiões isoladas, sem conexão à rede. Nesse caso, explica a análise, a tecnololgia não necessita de qualquer apoio e representa uma troca da cara geração a diesel por uma fonte limpa.
As soluções off-grid têm sido utilizadas em áreas rurais de países como EUA, China e Cuba desde os anos 60. Na última década, porém, a industrialização global alcançou esse mercado. Hoje existem mais de 330 produtores de micro-turbinas e outras 300 empresas que fornecem peças ou serviços para o setor.
Dessas companhias, 50% estão espalhadas por Estados Unidos, China, Alemanha, Canadá e Reino Unido. Enquanto os EUA lideram a lista com 58 desses fabricantes, o Brasil conta com apenas dois, segundo os números do relatório.
"Os governos deveriam reconhecer o enorme potencial das pequenas eólicas e seus grandes benefícios econômicos, sociais e ambientais e estabelecer condições legais favoráveis. Autorizações rápidas e compreensíveis, tarifas feed-in apropriadas ou esquemas similares de apoio, além de padronizações e certificações simples deveriam ser implementadas em um futuro próximo", analisa Stefan Gsänger, secretário-geral da WWEA. Para ele, o grande número de fabricantes mostra o potencial da indústria para gerar emprego e aquecer o setor.
Para o estudo da entidade, "o custo continua a ser o mais influente fator na disseminação" da tecnologia. Nos EUA, um sistema custa entre US$3 mil e US$6 mil por kW, com um custo de produção entre US$0,15 e US$0,20 por Kwh. Nesse caso, somente incentivos viabilizam o negócio. Já na China, o preço é apenas um terço do praticado na América, mas os custos de manutenção podem elevar a tarifa final.
Outro entrave para o desenvolvimento da indústria é o fato de que as tarifas feed-in não são aplicadas nos EUA e na China, os dois maiores mercados. Esse subsídio existe em países como Dinamarca, Grécia, Portugal e Reino Unido.
"As micro-turbinas ainda são uma parcela mínima no mercado de energia eólica. De qualquer maneira, o potencial é enorme. Onde quer que o vento sopre, pequenas turbinas podem providenciar energia a preços acessíveis - seja para eletrificação rural, como na China e outros países em desenvolvimento, seja conectada à rede, como é mais frequente em nações industrializadas", comenta He Dexin, presidente da WWEA.
 

São Paulo, 14 de Março de 2012 - 14:36 Regulamentação para conexão à rede de geração distribuída sai até o final do mês Aneel resolve últimos detalhes para votar o assunto; distribuidoras têm preocupações técnicas com a nova tecnologiaPor Natália Bezutti, de Campinas (SP)

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deverá publicar nas próximas semanas as regras para conexão de energia de fonte incentivada à rede elétrica e microgeração. O tema, segundo o superintendente de regulação dos serviços de distribuição da Aneel, Ivan Camargo, só não esteve na pauta da última reunião do órgão regulador pois ainda precisava de ajustes finais quanto à contabilização dessa energia, que será feita pelas distribuidoras.
A revelação foi feita nesta quarta-feira (14/3) durante o evento Inova FV, em Campinas, interior de São Paulo. O prazo para regulamentação do assunto pela agência venceu em fevereiro e, mesmo com o anúncio da proximidade da publicação, houve irritação por parte da plateia do congresso. Agentes presentes reclamaram dos prazos que não têm sido cumpridos e da constante prorrogação da discussão pelo regulador.
Segundo Ivan Camago, era necessário acertar a questão dos impostos a serem cobrados e o que fazer quando a geracão do consumidor for superior a seu consumo mensal. "Toda ideia da regulação é tirar o ônus de quem vai instalar (a microgeração). E tirar as responsabilidades técnicas, que devem ser da empresa de distribuição", argumentou o superintendente.
A regulamentação contará com prazos estendidos para a compensação dessa energia extra gerada, que poderá ser feita em até três anos. A ideia original previa um período de um ano, mas a Aneel o estendeu. Haverá também desconto de 80% na Tusd para os empreendimentos de geração distribuída renováveis que entrarem em operação comercial até setembro de 2017.
Para o presidente da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca Leite, a regulamentação gera preocupação para as distribuidoras, principalmente de ordem técnica. Entre elas, Leite cita a apreensão em relação aos sistemas de proteção que serão adotados ao fator de potência e controle de frequência do sistema, "para que peso do controle não fique em cima das microusinas".
Ainda nas questões técnicas, Leite fala sobre o isolamento da rede em caso de defeito, para que os microgeradores não continuem a alimentar o sistema, colocando em risco a segurança de quem o administra. O presidente da Abradee também cita como controversa a implementação de novas tecnologias aos consumidores - uma vez que aqueles que não as adotarem arcarão com os subsídios a elas destinados. Como no caso da conexão à rede, o alívio da Tusd.
Quanto à contabilização do crédito de energia do consumidor, o executivo declara que é necessario deixar essa questão bem clara. "Se você tiver um crédito de energia junto à distrbuidora e o prazo é de três anos (para que ele seja devolvido), a empresa terá que entregar isso no futuro. Se a empresa é devedora, ela terá que comprar energia no mercado para poder entregar para o consumidor. Como fechar esse balanço?", questiona.