quinta-feira, 30 de agosto de 2012

São Paulo, 30 de Agosto de 2012 - 18:31 BNDES deve apertar ainda mais as exigências a fabricantes eólicos até o final do ano


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve endurecer ainda mais as exigências de fabricação local para que equipamentos eólicos entrem no Finame, a lista de máquinas cuja aquisição pode ser financiada com seus recursos e a juros baixos. Em julho deste ano, a instituição de fomento havia aumentado as pressão sobre os fornecedores por um conteúdo local maior e chegou a suspender seis empresasdo cadastro. Até o momento, nenhuma delas retornou ao cadastro. E os rumores sobre um novo aperto já rondam o setor.

A presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, diz que o que tem se comentado "não é um boato, é uma verdade", mas destaca que isso está sendo conversando junto às empresas e, portanto, não será uma surpresa.

"O banco está colhendo informações junto aos fabricantes para fazer uma revisão nos critérios. Mas não é no índice de nacionalização de 60%", explica a dirigente. Segundo ela, ainda não é possível saber o que mudará, mas a expectativa é de que a intenção do governo seja fomentar a produção local dos componentes de maior tecnologia dentre os que formam o aerogerador.

"É uma questão óbvia, que é deter a tecnologia de ponta. E qual é o centro, o cérebro da tecnologia? É a nacelle", aposta Elbia, referindo-se à caixa que abriga o gerador.

O presidente da Suzlon, Artur Lavieri, conta que ouviu que os novos pleitos do BNDES seriam divulgados em outubro, mas diz que agora já se fala em algo mais para o final do ano. De qualquer maneira, a empresa, que está temporariamente suspensa do Finame, tem corrido para atender as solicitações do banco.

Para isso, a Suzlon calcula ter investido algo como R$500 mil para adaptar uma undiade que inicialmente faria a montagem final de hubs, mas agora poderá fazer a montagem completa desses equipamentos. A expectativa de Lavieri é de que a empresa volte à lista em um mês, mas o BNDES ainda não deu uma sinalização oficial.

Procurado pela reportagem, o BNDES afirma que não vai comentar "especulações". O banco também ressalta que "o processo sempre foi o mesmo desde começo e as regras eram conhecidas pelas empresas desde que elas manifestaram interesse em conseguir o acesso ao crédito".

Na Impsa, empresa argentina que foi uma das que passaram imunes pela auditoria do BNDES, o clima é de satisfação. O vice-presidente executivo da companhia, Jose Luis Menghini, afirma que a decisão do banco é "justa" e "soberana". Para ele, quem não atendia os critérios estava tomando vantagens irregularmente sobre os concorrentes.

O executivo também diz que o índice de nacionalização pode facilmente chegar a "quase 100%", mas que isso elevaria os custos. Por isso, a empresa tenta trabalhar com o máximo de produção local até o nível em que isso não afete a competitividade.


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